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Narcisos - 2013

 

A paisagem da terra é feita de água, tudo nasce e vive dela, disse um pensador oculto.

A metáfora da água, segundo Bachelard, anuncia o signo de "maternidade profunda", a imagem da fonte jorrandoo nascimento contínuo. Trazendo a ideia de origem, de anterioridade,do ponto de vista da geração. A água como um elemento natural, tudo que se forma a partir de sua substância é imanente a ela. Nasce!

 

Nesta paisagem,no qual os corpos de vidros arcam sobre o espelho d’água, provocando o confronto de possíveis imagens de si, gera um entre dois, situação entrópica, do grego entropè, volta, retorno-espécie de redobrar-se sobre si mesmo, em potente diminuição das desigualdades.

 

Seu reflexo ensaia o modo contemplação. Sua imagem converge para o reflexo e a reflexão – toma forma no mito de Narciso. O jovem Narciso contempla sua própria imagem na superfície da fonte, enamora-se pelo reflexo de sua beleza e é consumido pelas águas. Noutro instante, Narciso é também responsável por um espelhamento do mundo, criando outro mundo virtual e fantasioso.

 

Água e vidro fazem-nos pensar nas relações nas quais um busca o outro, tentativas de encontros correspondidos. Não seria esta a nossa busca por uma reliência entre nós seres humanos com a nossa casa Terra? O que corresponde sustentar e manter correspondencias planetárias. Narciso nos indica uma atitude de reflexão, ama-se o que auto reflete e, reflete-se o que se ama. Comunhão com nossos pares, nossos iguais, quando há lugar na minha casa, na minha alma e no mundo para o diferente, o oposto, o não-eu.

 

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